MS lança programa de distribuição gratuita de absorventes após derrubada de vetos aplicados por Bolsonaro

Publicado em 24 de Novembro de 2022 às 12h30. Atualizado em 24 de Novembro de 2022 às 12h49

Cerca de 4 milhões de pessoas terão acesso aos absorventes gratuitamente em 3,5 mil cidades brasileiras

O Ministério da Saúde lançou, na quarta-feira (23), uma portaria que institui o incentivo financeiro para o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. A iniciativa assegura a oferta e a distribuição gratuita de absorventes higiênicos para aproximadamente 4 milhões de pessoas em 3,5 mil municípios brasileiros no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O presidente Jair Bolsonaro havia vetado da Lei nº 14.214/21 a distribuição gratuita de absorventes no ano passado, mas o Congresso Nacional derrubou o veto e restaurou o programa após meses de mobilização por parte das parlamentares e das organizações da sociedade civil. Uma em cada dez pessoas no mundo deixa de ir à escola no período menstrual. No Brasil, estima-se que seja uma em cada quatro.  

O Programa será implementado de forma integrada entre todos os entes federados, mediante a atuação das áreas da saúde, assistência social, educação e segurança pública. A distribuição ficará a critério do gestor local, dependendo da organização de cada município, em locais como Unidades Básicas de Saúde, escolas que participam do Programa Saúde na Escola (PSE) e em Consultórios na Rua, homologados pelo Ministério da Saúde. Ao todo, serão destinados R$ 23,4 milhões para os últimos dois meses de 2022. Para 2023, a meta é investir R$ 140,4 milhões e para 2024, o repasse também será de R$ 140,4 milhões levando em conta o número de pessoas beneficiadas. 

Recebem os absorventes gratuitamente estudantes de baixa renda dos ensinos fundamental e médio, adolescentes em unidades de cumprimento de medida socioeducativa com até 21 anos de idade e pessoas em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema até os 50 anos.

Pobreza Menstrual
A falta de condição financeira para comprar absorventes está entre as causas do problema batizado como pobreza menstrual e é, desta forma, reconhecido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Jornal, pedaços de pano ou folhas de árvores são usados, de forma improvisada, no lugar de absorventes para conter a menstruação.

De acordo com o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres (CNDM), no Brasil, a estimativa é de que 22% da população adolescente, entre 12 e 14 anos e que menstrua, sofre de pobreza menstrual; o número sobe para 26% em jovens entre 15 e 17 anos. Essa condição abrange também a população encarcerada, adolescentes em unidades de medida socioeducativa e pessoas em situação de rua, particularmente expostas.

As dificuldades relacionadas à higiene íntima, especialmente em períodos menstruais, impossibilitam acesso à escola, ao trabalho, tendo impacto insalubre na qualidade de vida e saúde mental de meninas e mulheres cis, de meninos e homens trans, assim como de pessoas não binárias. Tais dificuldades estão relacionadas a condições econômicas desfavoráveis, sendo importante indicador e pobreza e miséria, impedindo acesso e dificultando a simples mobilidade desta população, explica o CNDM.

Saiba mais

Bolsonaro veta distribuição gratuita de absorventes a estudantes e mulheres de baixa renda

Senado aprova distribuição gratuita de absorventes para estudantes e mulheres de baixa renda

 

Compartilhe...

Outras Notícias
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
EVENTOS
Update cookies preferences