As trabalhadoras e trabalhadores da holding Eletrobras, Furnas e Cepel, sediadas no Rio de Janeiro, estão em greve por tempo indeterminado desde o dia 17 de janeiro. As holdings são companhias que funcionam como controladoras de outras empresas.
A greve foi desencadeada devido ao aumento abusivo na contribuição do plano de saúde das funcionárias e dos funcionários, que passou de 10% a 40%. Além disso, o movimento grevista aponta a privatização da companhia, que irá gerar milhares de demissões, e a falta do pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em anos anteriores. Os eletricitários e eletricitárias também protestam contra a coação e assédio que vêm sofrendo em Furnas.
Em alguns lugares, como no Rio de Janeiro, entidades que representam as trabalhadoras e os trabalhadores também receberam denúncias de que a empresa estaria pressionando empregadas e empregados a trabalharem presencialmente em um momento de explosão de casos da Covid-19.
Após o dia 17 de janeiro, o movimento grevista começou a se expandir para as demais subsidiárias do grupo Eletrobras. Na segunda (24) foi a vez das funcionárias e funcionários da Eletronorte, com sede em Brasília (DF), aderirem a greve. Dias antes, os eletricitários e as eletricitárias realizaram um ato público contra a privatização da Eletrobras, em frente à sede. Com faixas e um balão inflável em forma de lâmpada, as e os manifestantes denunciaram a alta nos preços da energia, caso a privatização da estatal seja concretizada. Ainda na segunda (24), as trabalhadoras e os trabalhadores da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em todo o Nordeste, votaram pela paralisação a partir desta sexta-feira (28).
Dissídio
A direção de Furnas Centrais Elétricas S.A., após ser notificada no dia 13 sobre a greve, entrou com dissídio de greve, argumentando que a empresa exerce serviço essencial à coletividade e que a questão referente à mudança do plano de saúde é objeto de dissídio coletivo de natureza jurídica em tramitação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), o que evidenciaria a abusividade do movimento grevista.
A presidenta do TST, a ministra Maria Cristina Peduzzi, determinou no dia 14 que as trabalhadoras e os trabalhadores de Furnas Centrais Elétricas S.A. mantenham em atividade o contingente mínimo de 80% em cada setor ou unidade da empresa durante a greve da categoria.Na avaliação da ministra, não há evidência de que a paralisação seja manifestamente abusiva, não havendo fundamento jurídico para o pedido da empresa de manutenção de 100% do contingente de empregadas e de empregados trabalhando. Segundo Peduzzi, o deferimento desse pedido implicaria na violação do artigo 9º da Constituição da República, que assegura o direito de greve como direito fundamental das trabalhadoras e dos trabalhadores.
Privatização
Fundada em 1962 como uma empresa estatal para administrar a geração, a transmissão e a distribuição de energia no Brasil, a Eletrobras está no caminho para ser privatizada. Em 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou um projeto aprovado no Congresso Nacional com vetos que trouxeram prejuízos as empregadas e empregados da Eletrobras. Outro trecho vetado pelo presidente determinava que quatro subsidiárias da Eletrobras (Chesf-PE, Furnas-RJ, Eletronorte-DF e Eletrosul-SC) não seriam extintas, incorporadas ou fundidas por no mínimo dez anos, entre outros ataques.
Foto: Federação e Confederação Nacional dos Urbanitários (FNU/CNU)/Greve em Furnas
Com informações do Canal Energia, TST e FNU
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