O Ministério da Educação continua em movimento retrógrado. Quando parece que tivemos o pior nome possível à frente da pasta, constatamos que a única surpresa é nossa inesgotável capacidade de sentir perplexidade. Depois de um negacionista científico, seguido por um terraplanista eloquente, veio um "técnico" do mercado, detentor de diversos títulos e diplomas, para, em poucas horas, descobrirmos que vários deles eram falsificados. O próximo da lista, Renato Feder, é nitidamente contrário à educação pública. Desde sempre se coloca como empresário da educação lucrativa, a favor da privatização e da extinção do próprio MEC que virá a comandar. Quem nomearia um gestor que já se manifestou contrário ao órgão que se propõe a comandar? Pois é.
Mesmo assim, o novo ministro sequer tomou posse e já caiu no óleo de fritura das máquinas que orbitam o atual desgoverno. A assim chamada ala ideológica, bem com os militares que indicaram o antecessor que permaneceu apenas 5 dias no cargo, se anteciparam ao anúncio oficial do empresário do setor de informática ao MEC e denunciam um contrato, com dispensa de licitação, de uma rede afiliada da TV Record no estado do Paraná para ministrar aulas durante a pandemia. Como a empresa escolhida não oferece transmissão em quase metade do estado, alunos de 165 municípios, correspondente a 20% da rede pública do estado, estão desde abril sem aulas. Como sintetizaria Bolsonaro, a Educação “está horrível”.
Mas a Saúde também vai de mal a pior. No país, os casos de Covid-19 explodem de maneira alarmante e deixam ainda mais coincidente o mapa epidemiológico e o da desigualdade. Shoppings, bares e academias de ginástica estão reabrindo e, no imaginário de boa parcela da população, a pandemia é conhecida como uma “doença de pobre”. Mais uma, entre tantas. Enquanto isso, a pasta da Saúde continua acéfala.
Essa semana observamos, porém, um outro acontecimento, esse sim em direção ao futuro. A primeira greve do precariado fez cessar o movimento incessante de motos e bicicletas dirigidas pelos entregadores de aplicativos que expõem suas vidas no trabalho superexplorado que permite que as pessoas fiquem em casa na pandemia. A próxima já está marcada para 12 de julho e, como essa, deve contar com a adesão de restaurantes, bares e afins e apoio dos usuários, que avaliaram negativamente os aplicativos e deixaram de pedir entregas - com o agravante que o próximo passo desse movimento será em um domingo.