A Plenária do Tema 1 do 8º Conad Extraordinário do ANDES-SN discutiu, na tarde desta quinta-feira (30), a conjuntura internacional e nacional e o movimento docente diante do cenário imposto nos últimos meses, de agudização da crise do Capital e exploração dos trabalhadores, conjugada e intensificada pela a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus.
O encontro, com tema único - Prorrogação do Mandato da Diretoria Biênio 2018/2020 - acontece em plataforma virtual, entre esta quinta e sexta-feira (31). Conta, até o momento, com 64 delegados e delegadas, 133 observadores e observadoras, 7 convidados e convidadas, totalizando 224 participantes.
Para abrir os debates, foram apresentados os nove textos de análise, constantes no Caderno do Conad, com direito a 7 minutos de fala para cada inscrito. Na sequência, foram abertas as falas para os inscritos e as inscritas.
As avaliações destacaram a agudização da crise do Capital internacional, que intensifica a exploração e miséria da classe trabalhadora, enquanto amplia a riqueza de poucos, inclusive durante a pandemia. O negacionismo científico presente nas posturas de líderes mundiais conservadores e de extrema direita, como Boris Johnson e Donald Trump (e seguido no Brasil por Jair Bolsonaro) também foi apontado, assim como as lutas e mobilizações que eclodiram em várias partes do mundo desde metade de 2019, com no Chile, nos EUA e também no Brasil.
Os diversos ataques do governo Bolsonaro ao longo do último semestre, intensificados após o início da pandemia, foram amplamente pautados. Entre esses, o desmonte das políticas de meio ambiente, as diversas medidas provisórias favorecendo banqueiros e grandes empresas e atacando direitos trabalhistas e a total ausência de uma política nacional de combate à Covid-19 e de assistência à população para que se pudesse efetivar um isolamento social.
Da mesma forma, a reflexão sobre o recorte de classe, gênero e raça da grande maioria das vítimas da Covid-19 e do desemprego e exploração intensificados pela crise sanitária foi proposta em várias colocações, que apontaram ainda a necessidade de intensificar a luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão, com o fortalecimento dos espaços de organização, como o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas. Além disso, a necessidade de fortalecer a unidade entre as centrais, via CSP Conlutas, e ampliar a mobilização em unidade com outros movimentos sociais.
Foi reforçado também por muitos o papel fundamental que o ANDES-SN teve no último período na organização e participação de muitas lutas e também no enfrentamento, através das seções sindicais, em defesa dos direitos e da vida da classe trabalhadora.
Ensino durante a pandemia
O debate sobre o ensino remoto e como o sindicato se posiciona frente a questão esteve presente em todas as falas, tanto nas apresentações de texto quanto nas inscrições.
Foram apontados alguns dos interesses, do governo e do Capital, por trás da imposição do ensino remoto nas universidades públicas, institutos federais e Cefet. A pandemia, na avaliação de alguns docentes, apresentou a oportunidade de ampliar a educação à distância, aprofundar a precariedade do ensino, intensificar o trabalho docente e também transferir recursos públicos para os grandes conglomerados de tecnologia da informação.
Outro aspecto abordado foi o caráter excludente do ensino remoto imposto em diversas instituições, ignorando parcela grande dos estudantes, em especial mulheres, negros e negras, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. E, ainda, as dificuldades materiais e subjetivas da comunidade acadêmica em participar desse modelo.
Muitas falas apontaram que a questão do acesso à tecnologia é apenas um dos pontos a ser considerado, mas, no entanto, tem sido colocado em várias instituições como o único entrave para a transferência do ensino para plataformas virtuais.
Vários e várias docentes relataram suas experiências sobre como está se dando a implantação do ensino remoto em suas instituições. Foi presente, em diversas colocações, a falta de amplo debate com a comunidade acadêmica e, ainda, a adesão, por parcela da categoria, a essa modalidade, o que apresenta um dilema para a entidade, segundo algumas colocações.
Foram lembradas e saudadas, em várias falas, as datas que marcam o período em que acontece o 8º Conad, como o mês das Mulheres negras marcado pelo 25 de julho - Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, o aniversário de Marielle Franco, em 27 de julho, e o Dia Internacional de Luta contra o Tráfico de Pessoas, em 30 de julho.
Como prevê o estatuto do Sindicato Nacional e o regimento do 8º Conad Extraordinário, não há votações na plenária do tema 1. Após atingido o teto estabelecido, o debate se encerrou às 18 horas. O 8º Conad Extraordinário terá sequência nesta sexta-feira (31), com a plenária do tema 2, sobre a prorrogação do mandato da atual diretoria e o processo eleitoral, suspenso no momento devido à pandemia.
“A plenária do tema I, Conjuntura e Movimento Docente, ocorrida, hoje, no 8º Conad Extraordinário, virtual, se deu em um momento de excepcionalidade e no contexto de uma grave crise econômica e sanitária. Contexto este que nos coloca enormes desafios que foram sinalizados em um rico debate de conjuntura”, avalia Katia Vallina, 1ª vice-presidente da Regional Norte 1 do ANDES-SN, que presidiu plenária.
Para a diretora do Sindicato Nacional, foi recorrente nas falas a proposta de construção da unidade para organizarmos a luta pelo fim do governo Bolsonaro/Mourão, a luta contra o fascismo, a necessidade de intensificar as lutas em defesa da vida e ampliar a solidariedade de classe.
“E, no âmbito da educação, prosseguir no debate com a nossa categoria sobre o significado do Ensino Remoto, que promove a privatização da educação, a precarização do ensino das IES, afeta a saúde mental dos docentes e gera exclusões na comunidade acadêmica, dentre outros prejuízos. Indubitavelmente, o 8º Conad evidencia pelo número de participantes, mas, sobretudo, pelo nível dos debates, a relevância da sua realização”, acrescenta.
Compuseram, também, a mesa da plenária, os diretores Luiz Blume, como vice-presidente, Roseli Rocha, 1ª secretária, e Guinter Leipnitz, 2º secretário.