Ministro defende universidades apenas para ‘elite intelectual’

Publicado em 29 de Janeiro de 2019 às 15h07. Atualizado em 30 de Janeiro de 2019 às 14h01

“As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”. A declaração foi dada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, na segunda-feira (28), ao jornal Valor Econômico. Ele ressaltou que busca um modelo parecido ao de países como a Alemanha.
 

“A ideia de universidade para todos não existe”, disse Rodríguez ao Valor Econômico. Foto: Luis Fortes / MEC


Rodríguez disse que estuda alterar pontos da reforma do Ensino Médio, aprovada durante o governo Temer (MDB). No entanto, deve manter o ensino técnico como um dos principais pilares da educação, como forma de inserir os jovens mais rapidamente no mercado de trabalho. O ensino técnico foi uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha para a presidência. 

“A ideia de universidade para todos não existe”, declarou ao periódico.  De acordo com o responsável pelo MEC, o retorno financeiro dos cursos técnicos é maior e mais imediato do que o da graduação. Segundo ele, isso pode diminuir a procura por Ensino Superior no Brasil. 

Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, critica a postura de Vélez Rodríguez. "A declaração do ministro explicita uma concepção atrasada de educação, contra a qual lutamos", afirma. O ANDES-SN historicamente defende que a universidade seja pública, gratuita, de qualidade socialmente referenciada. O acesso deve ser universal e acompanhado de uma política eficiente de permanência estudantil.

Cobrança de mensalidades nas IES
Ainda em entrevista, Rodríguez afirmou não está prevista a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas falou da urgência de reequilibrar os orçamentos. Ele também defendeu a continuidade do enxugamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) como alternativa econômica para aliviar os cofres públicos.

Ideologia de Gênero
O ministro foi questionando pelo Valor Econômico sobre as declarações dadas referentes à “ideologia de gênero” nas escolas. Segundo ele, ensinam "menino a beijar menino e menina a beijar menina". Rodríguez limitou-se a dizer que essa não é uma pauta que o interesse: "Mas se houver demanda da sociedade, vamos discutir".

Ricardo Vélez Rodríguez 
Nascido em Bogotá, na Colômbia, Ricardo Vélez Rodríguez tem 75 anos e se naturalizou brasileiro em 1997. Graduou-se em filosofia e teologia na Colômbia. É mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e doutor no Rio na mesma área pela Universidade Gama Filho. É professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme). Ele foi indicado ao cargo de ministro da Educação pelo filósofo Olavo de Carvalho.  É defensor de agendas como expansão de escolas militares no país e o combate a uma suposta proeminência de “ideias esquerdistas” no ensino.


* Com informações do Valor Econômico
 

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