Sob o coro de manifestantes gritando "Não tem caô, estuprador não pode ser vereador", a Câmara Municipal do Rio de Janeiro votou, às 22h20min desta quinta-feira, 18 de agosto de 2022, a cassação do vereador Gabriel Monteiro (PL), bolsonarista e conhecido pela agressividade com que costuma incidir sobre servidoras e servidores públicos, principalmente de universidades, institutos e hospitais.
O vereador foi cassado por quebra de decoro por gravar vídeos de relações sexuais, entre elas com uma adolescente de 15 anos, assediar sexual e moralmente funcionários e funcionárias de seu gabinete e se utilizar de uma pessoa em situação de rua para forjar um vídeo, ganhar curtidas e faturar com a monetização do material nas redes sociais.
Foram 48 votos pela cassação e apenas dois pela rejeição do parecer do Conselho de Ética - estes do próprio Gabriel Monteiro e do vereador Chagas Bola (União Brasil), que ocupou a vaga de Jairinho, também cassado após acusações de envolvimento no assassinato de uma criança, então enteado seu.
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) não votou. O filho do presidente da República optou por não interromper a licença tirada atuar na campanha do pai, Jair Bolsonaro, para participar da sessão, que foi definida por muitos parlamentares como "histórica".
A sessão foi acompanhada por manifestação pela cassação do vereador e em defesa do respeito às mulheres, nas galerias da Câmara de Vereadores e também em frente ao prédio, na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, que reuniu dezenas de pessoas. Também houve, nas galerias, ato em defesa do vereador, convocado por ele mesmo nas redes sociais - o agora ex-parlamentar possui alto número de seguidores e seguidoras virtuais, porém menos de 50 pessoas atenderam ao apelo.
A presidenta da Associação de Docentes da Universidade Federal do ANDES-SN (Aduff SSind), Kate Lane, participou do ato convocado pelos movimentos feministas e disse que não cassar Gabriel Monteiro seria uma violência contra a precária democracia em vigor e contra as mulheres e meninas. A docente também associou o parlamentar aos projetos de privatização e ataque aos serviços públicos. "É um cara antipovo e que faz o serviço sujo para a burguesia", disse. "Que quer transformar a universidade pública em mercadoria, que quer privatizar todo o serviço público", afirmou.
A sessão começou com a leitura do parecer do relator do processo na Comissão de Ética, vereador Chico Alencar (PSOL), que foi seguida pela a defesa de Monteiro e, depois, pelas orientações de voto. Ao longo de toda a sessão, por diversas vezes as galerias se manifestaram. Ao final, as mulheres gritaram em coro: "Mexeu com uma, mexeu com todas".
Fonte: Aduff SSind, com edição do ANDES-SN. Fotos: Luiz Fernando Nabuco / Aduff SSind.