A divulgação dos dados mais recentes sobre a pandemia chocou os brasileiros pelo aumento crescente nos números de mortos e infectados. Para ‘’resolver’’ tal problema, o governo optou por realizar um truque e chamou um empresário para fazer um maquiamento.
Após retirar do ar o portal oficial de divulgação de dados sobre a Covid-19, o que colocou o Brasil no limbo estatístico como o único país ausente do mapa mundial da Universidade Johns Hopkins, que é o centralizador global sobre a evolução da pandemia, o Ministério da Saúde lançou um novo portal, no qual o número de casos aparecia como 80% menor e o total de óbitos diários, subitamente, foi reduzido em 62%.
O milagre da diminuição de casos, infelizmente, não encontrou reflexo na vida real. Ao sugerir uma recontagem dos números de óbitos, o Ministerio da Saúde foi irremediavelmente atacado e o empresario houve foi desligado do governo. Mesmo em uma gestão que se caracteriza pela brevidade da ação dos colaboradores, a rápida desistência provocou atenção. Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, destaca que o governo atua negativamente em duas frentes. Tanto foi ineficiente no combate à progressão da doença quanto na contabilidade dos casos, fator essencial para nortear as corretas medidas de contenção de danos. "Não bastasse a negligência na condução da política de saúde no enfrentamento da pandemia, fato que tem contribuído para o aumento no número de contaminações e mortes pela Covid-19, o governo federal busca camuflar os dados sobre a mais grave crise sanitária dos últimos cem anos, de modo a fazer prevalecer sua narrativa enganosa de que se trata de uma 'gripezinha', um ‘resfriadinho', destaca.
Segundo Antonio, o que está sendo chamado de pedalada sanitária e, inclusive, baseando pedidos de impedimento do atual governo, procura apagar os rastros da pandemia ao invés de amenizar os seus efeitos. Contra tal ação, inclusive, até mesmo a grande mídia se insurgiu. Veículos tradicionais da grande imprensa, em uma iniciativa inédita, formaram uma parceria para levantar e divulgar, de forma colaborativa, os dados reais da pandemia no país. O país terá, então, uma estatística oficial e um balanço dos meios de comunicação, que será divulgado diariamente às 20h.
Informações que foram emitidas no portal do Ministério da Saúde, como curva de casos novos por data de notificação e por semana epidemiológica; casos acumulados por data de notificação e por semana epidemiológica; mortes por data de notificação e por semana epidemiológica; e óbitos acumulados por data de notificação e por semana epidemiológica, voltarão então a ser disponibilizados, não para causar pânico, mas sim estimular a tomada de cuidados pela população.
Os estudos epidemiológicos demonstram claramente que há uma imensa subnotificação de casos da Covid-19. De acordo com estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas para o Governo do Rio Grande do Sul, com base em uma amostra aleatória de testes, o número de casos de coronavírus no estado é nove vezes maior do que o registro oficial. O estudo, denominado Epicovid19, indica que o mesmo pode estar ocorrendo em âmbito nacional, ainda que com variações no grau de maquiagem: no Brasil como um todo, o número real seria sete vezes maior do que o divulgado.
Antônio Gonçalves afirma que o fato do Brasil realizar poucos testes para a Covid-19 em comparação com outros países leva a supor que há uma grande subnotificação de doentes e vítimas fatais. "A divulgação dos números reais é fundamental para o enfrentamento da pandemia e a construção de alternativas para sua superação. A falta de transparência reforça nosso entendimento de que se trata de uma política genocida', conclui.