Trabalhadoras e trabalhadores da Caixa Econômica Federal paralisam, nesta terça-feira (27), as atividades em todo o país em protesto contra os sucessivos ataques do governo de Jair Bolsonaro aos trabalhadores e ao banco. A Caixa é um banco púbico e responsável pelas principais políticas públicas e de desenvolvimento do país.
O motivo da paralisação de 24 horas é a abertura de capital de uma das operações mais rentáveis do banco: a Caixa Seguridade, no dia 29 de abril. A paralisação foi deliberada em assembleia do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, junto com o estado de greve da categoria.
O Sindicato dos Bancários protocolou denúncias na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra a venda de ações da Caixa Seguridade na IPO - Oferta pública inicial. As ações de uma empresa são vendidas ao público em geral numa bolsa de valores pela primeira vez, tornando-a numa empresa de capital aberto. O sindicato alegou o descumprimento de duas das instruções da Comissão (539 e 400). Estas medidas são encaradas pelo movimento sindical como mais uma tentativa do governo federal de privatizar o único banco 100% público do país.
“A direção da Caixa pratica verdadeiro terrorismo para levar adiante o seu projeto de privatização aos pedaços de um banco público essencial para o desenvolvimento do país e para a população", afirma diretor do Sindicato, Dionísio Reis. “Todos os IPOs grandes foram cancelados porque o preço está muito abaixo de qualquer expectativa”, completa.
Além disso, a categoria reivindica a contratação dos aprovados no concurso realizado em 2014, já que a Caixa Econômica registrou fechamento de 1.819 postos de trabalho nos últimos 12 meses. E maior proteção contra a Covid-19 nas agências, inclusive com a inclusão dos empregados da linha de frente no grupo prioritário da vacina e pelo pagamento integral da PLR Social. A gestão de Pedro Guimarães, presidente da Caixa, não pagou corretamente a PLR Social na íntegra aos empregados, segundo o sindicato. "A mobilização dos empregados junto ao movimento sindical foi motivada por uma série de ataques, tanto contra instituição financeira, como aos direitos históricos dos trabalhadores”, enfatiza o dirigente sindical Dionísio Reis, diretor do Sindicato e empregado da Caixa.
Privatização
No ano passado, Jair Bolsonaro encaminhou a Medida Provisória (MP) 995/20 que autorizava a Caixa Econômica Federal a estruturar operações para abrir o capital de suas subsidiárias e das empresas coligadas, o que daria início ao processo de privatização do banco público. A MP perdeu validade em dezembro passado e recebeu mais de 400 emendas com sugestões de mudanças.