Desde a manifestação antidemocrática de 31 de março, na qual apoiadores do atual governo pediram de forma explícita por uma intervenção militar, assistimos apenas a atos semelhantes. A pandemia, que exige a instituição de medidas sanitárias de distanciamento social, afastou as vozes da oposição de eventos presenciais, inaugurando uma modalidade de mobilização até então incipiente: as ‘lives’, reuniões digitais, abaixo-assinados, grupos de pressão e toda a sorte de intervenções virtuais passaram a ser cada vez mais utilizadas.
Entretanto, diante de todos os ataques e abusos repetidos pelo atual governo, e também incentivados pelas manifestações mundiais em protesto ao assassinato de George Floyd, ocorrido nos Estados Unidos, o 7 de junho de 2020 foi uma data que ficará marcada na história. Nesse dia, os grupos que apoiam o governo realizaram atos insignificantes e as ruas ficaram repletas de pessoas pedindo por mudanças. Em uma manifestação casada, os atos uniram duas pautas simultâneas: fim do racismo e o fim do fascismo da extrema direita que lidera o Brasil.
Desde a manhã de domingo, as manifestações tomaram as ruas do Distrito Federal e de diversas capitais do Brasil. Com destaque para grandes atos em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Em Goiânia/GO, por exemplo, a manifestação reuniu mais de mil participantes e contou com a atuação de grupos antifascistas de torcidas organizadas, movimentos sociais, sindicatos e ativistas de diversos espectros políticos. O ANDES-SN participou do ato em organização conjunta com o “Fórum Goiano em Defesa dos Direitos, da Democracia e da Soberania”, espaço unitário formado por partidos, centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais.
A professora Jacqueline Lima, 2ª secretária do ANDES-SN, organizou uma oficina de capacitação de saúde para preparar para o ato, conformando equipes de segurança e saúde que prepararam todas as medidas necessárias para reduzir possibilidades de contágio durante o ato: o sindicato nacional distribuiu máscaras, protetores faciais e álcool em gel para centenas de participantes.
Segundo Fernando Lacerda, segundo Vice-Presidente da Regional Planalto, havia no local um forte aparato repressivo localizado na Praça Cívica (local de concentração do ato) e no entorno. “Um carro de som foi preso pela PM mesmo antes de chegar próximo do ato e foi necessário mobilizar um advogado para garantir que o veículo – com documentos regulares e autorização formal – não fosse apreendido”, conta.
Para Fernando, tudo o que foi levado às ruas no último domingo, reflete a nova força de mobilização que vem surgindo no Brasil nesse período de pandemia. “As intervenções e palavras de ordem estiveram centradas na escalada autoritária liderada por Bolsonaro e enfatizaram a defesa da democracia, a luta contra as recentes manifestações de fascismo, contra a ditadura militar. As principais palavras de ordem foram ‘Fora Bolsonaro/Mourão’, por este governo representar medidas neoliberais de austeridade, ataques às liberdades democráticas e destruição dos serviços públicos’’, pondera o dirigente. Ainda segundo o mesmo, a pauta da luta se mantém na mobilização “Vida acima do Lucro”, lembrando que trabalhadoras e trabalhadores não podem ser ainda mais sacrificados durante a pandemia.