O ANDES-SN divulgou, na última sexta-feira (11), uma nota em que repudia os atos de violência e repressão policial praticados contra mais de 7 mil indígenas de diversas etnias, durante uma marcha realizada na quinta-feira (10), em Brasília (DF), promovida pelo Acampamento Terra Livre (ATL). Os ataques começaram quando as e os manifestantes, de forma pacífica, se aproximaram do Congresso Nacional.
A repressão, promovida pelo Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), ocorreu durante a marcha "A Resposta Somos Nós", que destacou o protagonismo dos povos originários na luta contra o colapso ambiental e em defesa da preservação da natureza. O uso de bombas e gás de pimenta deixou dezenas de pessoas feridas, entre elas crianças, mulheres, idosos e a deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG).
"A violenta repressão a uma manifestação pacífica dos povos indígenas ocorre em um contexto marcado pela crescente violação de direitos humanos, além da imposição da 'conciliação' do STF que ataca os territórios e os direitos dos povos indígenas, resgatando aspectos do Marco Temporal”, afirmou a nota do Sindicato Nacional. “Infelizmente, o ataque contra os manifestantes do Acampamento Terra Livre revela a prática cotidiana das forças militares do Estado no Brasil em diversas regiões do país que resultam em mortes", completou o texto.
O ANDES-SN também repudiou a nota da Presidência do Senado Federal, que tentou minimizar a gravidade dos fatos aos justificar os ataques afirmando que houve um avanço inesperado por parte das e dos manifestantes.
"A naturalização da repressão violenta contra povos indígenas é parte de uma história de 500 anos de expropriação, pilhagem e genocídio que produziu apenas desigualdade e opressão para os povos indígenas", criticou o sindicato.
Após o episódio, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) abriu uma apuração preliminar para apurar os casos de violência policial relatados por indígenas durante manifestação.
Violência institucional
Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciou que há evidências de que os ataques fazem parte de um contexto de violência institucional disseminada contra os povos indígenas.
Segundo a entidade, em reunião da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), realizada na quarta-feira (9) para tratar da organização da marcha, um participante - cuja identidade não foi divulgada - usou expressões racistas e de incitação à violência contra as e os participantes.
A Apib obteve a acesso à gravação da reunião e a fala foi atribuída a um possível agente das forças de segurança.
ATL 2025
O ATL é a maior mobilização indígena do país e ocorre anualmente há 20 anos. Organizado pela Apib, trata-se de um espaço fundamental de articulação, debate e resistência.
A 21ª edição foi realizada entre os dias 7 e 11 de abril, com o tema "Apib somos todos nós: Em defesa da Constituição e da vida", e contou com uma extensa programação.
O apoio ao ATL é uma deliberação do 43º Congresso do ANDES-SN, realizado este ano em Vitória (ES), reforçando o compromisso histórico do Sindicato Nacional com a luta dos povos indígenas.
"Manifestamos toda a nossa solidariedade ao Acampamento Terra Livre e reafirmamos que seguiremos apoiando toda luta dos povos indígenas contra os ataques do capital e seu braço repressivo", concluiu a nota do ANDES-SN.
Leia aqui a Circular, na íntegra.
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