A Proifes-Federação lançou na terça-feira (19) uma campanha cobrando imediata vacinação de educadores. A entidade sugere uma alteração na fila de prioridades estabelecidas no Plano de Imunização do país para incluir docentes entre os primeiros a serem imunizados, desrespeitando o plano elaborado por técnicos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“Neste momento em que urge a vacinação de toda a população brasileira, é necessário que a educação seja elencada como grupo prioritário, considerando o contexto de grande contato dos e das docentes e demais profissionais da educação com grupos de alta incidência assintomática do vírus, como é o caso dos jovens”, afirmou o presidente da Federação, Nilton Brandão, no portal da entidade.
Na primeira etapa de imunização, que conta ainda com número bastante limitado de vacinas, estão incluídos profissionais de saúde e trabalhadores/as em hospitais e unidades de saúde, que estejam atuando na linha de frente do combate à Covid-19, idosos e pessoas com deficiência que morem em instituições e população indígena. Como consequência do negacionismo e descaso do governo federal de Jair Bolsonaro, a quantidade de vacinas disponíveis no país não é suficiente para atender nem mesmo todas as pessoas incluídas no grupo prioritário da 1ª fase de imunização. Um levantamento do site de notícias UOL, divulgado em 21 de janeiro, aponta quando foi iniciada a vacinação haviam apenas 10,8 milhões de doses disponíveis em território nacional, sendo que o grupo prioritário contabiliza pelo menos 14,8 milhões de brasileiros. Como para imunização eficaz são necessárias duas doses, o país precisaria de pelo menos 29,6 milhões de doses nessa primeira etapa.
O ANDES-SN repudia essa campanha, porque, além de desrespeitar os protocolos estabelecidos pelas e pelos profissionais do SUS, fragmenta a luta da classe trabalhadora por vacina gratuita e imediata para todas e todos.
“Nós entendemos sim que é muito importante a vacinação do conjunto da categoria, dos professores e das professoras. Mas entendemos que essa vacinação faz parte de um processo coletivo de imunização, o qual só tem efeito para a segurança sanitária, se grande parte da população, ou seja mais de 70%, for vacinada. Então, é nesse sentido que a gente defende a vacinação para todos e todas e o respeito às prioridades”, explica Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN.
Ela aponta, por exemplo, que várias professoras e vários professores que atuam na área da saúde já estão sendo vacinadas/os, pois estão desde o início da pandemia na linha de frente, lutando contra a pandemia e arriscando todos os dias as suas vidas. Essa parcela da categoria está dentro do grupo prioritário e está sendo vacinada juntamente com os/as demais profissionais da saúde.
“A nossa luta nesse momento deve se intensificar e deve ter como foco exatamente exigir do governo federal vacina gratuita para todos e todas, respeitando os protocolos das agências internacionais de saúde, as indicações de como a vacinação deve ser estruturada e quais são as prioridades. É muito importante a gente, enquanto classe trabalhadora, entender o papel de um processo de imunização, que deve ser coletivo, que só tem sentido e efeito se for coletivo. Por isso, privilegiar alguns grupos ou exigir furar a fila de um processo organizado de vacinação é muito incoerente com a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, com a perspectiva da imunização coletiva, com a perspectiva de classe”, salienta Rivânia.
Para a presidenta do ANDES-SN, posturas como a adotada na campanha da Federação fragmenta a luta coletiva por vacina para todos e todas e enfraquece as mobilizações para que o governo federal ponha em prática um plano nacional de imunização. Além disso, amplia o espaço para a mercantilização da vacina, o que Sindicato Nacional combate veementemente.
“A gente precisa entender que a nossa luta nesse momento deve ser uma luta para a população brasileira, para que todos os trabalhadores e trabalhadoras tenham acesso à vacina. Não podemos admitir ter grupos que não são prioritários sendo privilegiados no programa de vacinação em detrimento daquelas pessoas mais vulneráveis, que precisam passar primeiro pelo processo de imunização”, reforça.
A presidenta do ANDES-SN explica ainda que a luta do Sindicato Nacional é para que o retorno às atividades presenciais nas instituições de ensino se dê só após a vacinação de todas e todos. E que isso não se resolverá com a vacinação, apenas, das e dos docentes.
“A nossa luta pelo retorno às atividades presenciais nas instituições somente após a vacinação é uma luta que entende que só poderemos retornar a esses espaços quando estudantes e técnicos/as-administrativos, trabalhadoras/es terceirizadas/os, suas famílias, os motoristas de ônibus que transportam a comunidade universitária, também forem vacinados. Quando a gente alcançar um processo de imunização coletiva de mais de 70% da população, como recomendam as agências e órgãos internacionais de saúde”, afirma.
O ANDES-SN segue reafirmando a defesa do processo de imunização que respeite as prioridades e que garanta vacina, gratuita, para todas e todos, através do SUS. “A exigência isolada para que uma determinada categoria fure a fila da vacinação, não vai resolver o nosso problema que é a necessidade de imunização coletiva, para tenhamos segurança para exercer nossas atividades presencialmente, para circular nas ruas e para para reabrir as nossas Universidades, Institutos e Cefets”, conclui Rivânia.
* com informação do UOL.